quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Capela dos Alfaiates
São Bom Homem e Nossa Senhora de Agosto foram os padroeiros e protectores da Confraria dos Alfaiates e a imagem da primeira era, no início do século XVI, venerada no primeiro andar de uma casa junto à Sé cujo piso térreo servia de celeiro do Cabido. Em 1554, porém, iniciou-se a construção de uma nova capela frente à fachada principal da Sé, em edifício cedido à Confraria pelo bispo D. Rodrigo Pinheiro. Onze anos depois, em 1565, só às paredes tinham sido levantadas e, com o empenho do prelado, o mestre pedreiro Manuel Luís contratou com a Irmandade a conclusão do templo.
A capela, de planta rectangular, abre para o exterior por um portal ladeado por duas colunas coríntias caneladas asssentes em pedestrais, e rematado por um nicho com decoração flamenga, desenhado por Manuel Luís, em que se abriga uma imagem de barro de Nossa Senhora de Agosto. No interior do templo, iluminado pelo grande janelão rasgado na fachada, a abóbada elevada sobre o espaço quadrado da nave é de cruzaria tardo-gótica, mas mostra já motivos ornamentais maneiristas. Um arco cruzeiro de volta-redonda, assente em pilastras jónicas, separa a nave da capela-mor, e esta é coberta por uma pequena abóbada de canhão, com dois tramos formados por caixotões de granito que arrancam de mísulas clássicas. Este conjunto, projectado e executado por Manuel Luís, é da maior importância na arquitectura do Norte do País, pois marca a transição do tardo-gótico para as novas formulações maneiristas de inspiração flamenga.
O retábulo da capela-mor, também maneirista, divide-se em oito painéis que representam cenas da vida da Virgem e, iconograficamente, respeitam as prescrições do Concílio de Trento divulgadas em Portugal, sobretudo a partir de 1580, através das Constituições Sinodais. As pinturas são atribuídas, entre outros, a Francisco Correia, tendo sido executadas provavelmente entre 1590 e 1600. Ao centro, a bela imagem calcária de Nossa Senhora de Agosto, mais antiga, mostra influências da imaginária norte-europeia. A imagem em madeira de S. Bom Homem (século XVII), padroeiro dos Alfaiates, está colocada à direita do Altar-Mor.
A capela teve, em 1853, obras de beneficiação promovidas pela Associação dos Alfaiates e, em 1935, devido às obras de demolição programadas para a abertura do terreiro da Sé, foi expropriada pela Câmara. Em 1953 foi reedificada na sua actual implantação e pela mesma época foram restaurados os painéis pelo pintor Abel de Moura. É Monumento Nacional desde 1927.
Ângulo das Ruas do Sol e S. Luís
Porto
Câmara Municipal do Porto
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