sábado, 5 de junho de 2010

XXI Encontro Nacional dos Mestres Alfaiates


A mestria dos alfaiates 

Carrazeda de Ansiães ­recebeu o XXI encontro que reuniu cerca de 53 artesãos oriundos de diversos pontos do País


A arte de fazer trajes por medida tem perdido força, mas os mestres que dão vida a esta profissão continuam mostrar a perfeição e o bom gosto dos fatos que são confeccionados nas típicas alfaiatarias portugueses.
No distrito de Bragança, esta arte tem os dias contados, visto que não há jovens a aprender esta profissão, que foi passando de geração em geração.
Para conviverem e trocarem experiências sobre o negócio, alfaiates de todo o País reúnem-se, anualmente, numa cidade portuguesa. Anteontem, Carrazeda de Ansiães foi o palco do XXI Encontro Nacional dos Mestres Alfaiates, onde estiveram reunidos mais de meia centena de artesãos, oriundos de diferentes ponto do País.
“Já somos uma família. Quem vem uma vez, faz questão de participar sempre”, realça Luís Moutinho, um alfaiate de Carrazeda de Ansiães, que participou na organização do evento.
Aprendeu a arte aos 14 anos e desde então tem-se mantido fiel ao corte e costura à moda artesanal. As técnicas são antigas, mas a evolução dos tempos obrigaram os alfaiates a moldarem-se aos pedidos e, nos dias que correm, tanto costuram para homem, como para mulher. “Antes, o trabalho dos alfaiates era mais para homens, mas, actualmente, tanto faço fatos para homens como para senhoras. Temos que fazer o que aparece”, confessa o artesão.
Também Durbal Carvalho, de 72 anos, afirma, com orgulho, que é ele que veste a mulher, mas lamenta a quebra no volume de encomendas. “Hoje a maioria das pessoas já compra a roupa feita. Nas lojas compra-se um fato por 100 ou 125 euros, eu tenho que levar 150 ou 200 euros, porque faço tudo de forma artesanal e por medida”, realça o alfaiate.
Alfaiates são cada vez mais solicitados para fazer os ajustes à roupa comprada no pronto-a-vestir
A quebra no negócio ronda os 50 por cento, pelo que estes mestres do corte e costura viram-se obrigados a recorrer aos arranjos da roupa que as pessoas já compram feita. “As pessoas já compram a roupa feita, mas cá está o alfaiate para dar o acerto final. Fazer as bainhas, apertar ou alargar”, salienta Luís Moutinho.
Mesmo assim, há clientes fiéis à alfaiataria, que perduram no tempo. “Tenho pessoas que solicitam os meus serviços desde o tempo do meu falecido patrão, ou seja, há mais de 39 anos”, recorda o alfaiate.

Por: Teresa Batista