quinta-feira, 31 de maio de 2012

Imagens do XXIII Encontro Nacional de Mestres Alfaiates




Penalva do Castelo - A localidade escolhida para o XXIII Encontro Nacional de Mestres Alfaiates


                                                                                   
                                  




                 Ponto de encontro




Recepção na Câmara Municipal 









O aspecto religioso 





Hotel Casa da Ínsua

  O belíssimo local do encontro










O lado cultural









Aspectos do convívio





Aspectos do convívio









Sr. Fernando Lima, o mestre alfaiate mais idoso presente, com 86 anos









João Paulo Rodrigues, o alfaiate mais jovem presente, com 24 anos









Passagem de testemunho





O lado recreativo








Sr. António Pinto
 O organizador do encontro de 2012








No próximo ano estaremos juntos novamente, no XXIV Encontro Nacional de Mestres Alfaiates.

sábado, 19 de maio de 2012

Sérgio Alfaiate ainda faz fatos como antigamente

               A loja situa-se na Ajuda, em Lisboa (foto ASF)

Se há profissões em vias de extinção, o alfaiate é uma delas. Mas como para alguns a tradição ainda é o que era, tem de haver também quem satisfaça os pedidos daqueles que procuram fatos feitos à medida e pode encontrá-los no «Sérgio Alfaiate», na Ajuda, em Lisboa.

Há 38 anos que Sérgio Marques e a sua mulher Maria da Conceição vestem os lisboetas mais exigentes que não usam “qualquer trapinho” nem se contentam com os fatos comprados numa loja qualquer e procuram um alfaiate, como já há poucos na capital portuguesa.

De (quase) padre, a alfaiate
Mas se em 1959, com 16 anos, Sérgio Marques chegou de Douro Calvo, em Viseu, para trabalhar para o primeiro patrão na mesma loja de que hoje é dono, foi por pouco que as fitas métricas e as tesouras não lhe passaram ao lado e se tornou padre. Mas Sérgio acabou por se tornar alfaiate, com medo de ser... capado.
«Naquele tempo os missionários iam às escolas nas terras mais pequenas para 'recrutar' miúdos para irem para padres, eu andava na quarta classe quando lá foram e me disseram que eu era um dos que ia ser padre e eu tive vergonha de dizer que não queria», conta Sérgio Marques, confessando o que o fez mudar de ideias:
- Um dia depois das aulas, estava na mercearia a ajudar o meu pai quando uns senhores começaram a gozar comigo a dizer que quem ia para o seminário era capado e eu no dia seguinte perdi logo a vergonha e disse ao missionário que afinal não queria ser padre, mas nem lhe disse porquê.
Não querendo ser padre nem podendo ficar a trabalhar na mercearia, como realmente gostava, porque o pai dizia que não era futuro, acabou por se tornar alfaiate.
«Quando me tiraram da mercearia para ir para a alfaiataria até chorava, porque o que eu gostava era de estar no balcão, mas agora não me via a fazer mais nada senão isto», conta Sérgio, o mais velho de seis filhos.


Casamento sem namoro dura 47 anos...
Em Lisboa desde 1959, onde estudou na Academia de Corte Maguidal e conheceu a mulher, com quem casou sem namorar, Sérgio deixou a Ajuda de 1968 a 1974, altura em que foi fazer fatos por medida para Angola, onde tinha família, e diz nunca ter trabalhado tanto quanto em Luanda. Porém, foi obrigado a voltar devido à situação política. Regressou já com uma filha e abriu a loja onde trabalhou pela primeira vez na capital portuguesa, agora como proprietário.
«Conheci a Maria da Conceição quando íamos buscar fatos ou entregar na alfaiataria, ela era costureira de calças. Passeámos e conversámos muito mas nunca namorámos. Um dia estávamos a passear em Queluz, passámos por uma capela e decidimos entrar para casar. O padre tratou dos papéis e passado um tempo casámos e fizemos uma festa. Quando se gosta não é preciso perder tempo a namorar», diz Sérgio, considerando que talvez seja esse o segredo para um casamento que dura já 47 anos.
Além de dois filhos, Sérgio e Maria partilham a paixão pelas agulhas e máquinas de costura, trabalhando juntos no «Sérgio Alfaiate», onde muitos dos clientes passaram a ser também amigos. Um dos mais antigos é um cliente a quem Sérgio já fazia fatos em Luanda, tendo inclusive ido ao casamento do filho dele e feito fatos para vários dos convidados.
Mas nem todos os clientes são amigos e há mesmo aqueles que são para esquecer, pelas exigências sem sentido ou críticas descabidas de quem não percebe do assunto ou nem sabe bem o que quer. Esse é o segredo do sucesso neste negócio, conseguir agradar e satisfazer 'o mais chato' dos clientes, numa altura em que cada vez menos gente dá ou percebe o valor de um fato feito à medida, sendo também cada vez menos a procurá-los.
«Antigamente se calhar fazia 150 fatos por ano, agora se calhar são preciso três ou quatros anos para fazer o mesmo», lamentou Sérgio, que tão cedo não pensa deixar o giz e espera continuar a trabalhar para os outros durante muitos e bons anos, a fazer fatos como antigamente...


Por Rita Ferro Baptista
Fotos de Álvaro Isidoro/ASF
Jornal "A Bola.pt"

terça-feira, 15 de maio de 2012

Técnica


Alguns processos operatórios de confecção de casaco de homem
  
(Método alfaiate)


1 - Entretelamento. 
 Concluídos os alinhavas da cinta para cima, suspende-se a obra com a mão direita. A aba do casaco cairá naturalmente. Pegamos juntamente fazenda e entretela pela bainha e, colocando depois sobre a mesa de trabalho, para alinhavar da cinta para baixo.


2 - A prova.
Ajustar ao corpo, com dois ou três alfinetes e tombar para a direita as bandas e o trespasse, fixando com um alfinete em cima no extremo superior das bandas e com outro alfinete na linha de cinta. Evita­-se assim que as pontas das bandas incomodem o cliente, roçando a cara. Notar o perfil de Mestre Guilherme de Almeida na sombra projectada na parede.
                                                   


 3 - Prova do ombro. 
Verificar se os golpes de "deslace" do decote e dos ombros estão bem localizados 
e se abrem o suficiente.



4 - Acerto da obra.
 Antes de se tirarem os alfinetes, dar um traço a giz junto  da beira do traseiro, conforme o resultado da prova. Depois são dados dois traços transversais que limitam o "metido".




 5 - Alinhavado da gola.  
A gola alinhava-se certa, somente na zona da costura do ombro, na curvatura mais acentuada do decote, se deve dar um "leve metido".



 6 - Acerto da gola
 A gola acerta-se com a largura adequada e depois de riscada é aparada.



7 - Encapamento da gola.  
Depois da gola "orlada" seguem-se as escalas com o cuidado de que a capa de gola não fique com falta de fazenda nas pontas. Finalmente "orlam-se" os extremos.



 8 - Alinhavar das mangas.
Começa-se por alinhavar a manga a partir da "costura do sangradouro" e continua a ser alinhavada à vontade, sem "branduras", depois alinhava-se pelo lado de dentro, com alguma brandura que se vai aumentando até chegar à parte superior da "cabeça" da manga em que a brandura passa a ser menos acentuada e segue assim até à costura do cotovelo.



                                       
9 - Treladado da manga. 
 A fase de "treladado", logo a seguir ao "apontado" é um trabalho que deve ser feito com linha dobrada e que serve para fixar a fazenda, a entretela, a paleta ou ombreira e o forro e vai depois servir de guia para se guarnecerem os forros das mangas.


                                      
10 - Passar a ferro.
  "Esmagar" bem (vinco da gola) o "quebrado" da gola até quase a meio de cada banda.

                             



Revista Vestir
Civec

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Fases de construção de um casaco clássico


No seu trabalho de investigação, " O alfaiate faz fatos e faz corpos", Ana Margarida Magalhães, apresenta 22 fases relativas à confecção de um casaco, designando esse conjunto como «cadeia operatória». Contabiliza, a partir da determinação das mencionadas fases, um total de 60 acções. Abaixo enumeramos as vinte e duas etapas referidas nesse documento:

- Molhar a fazenda 
O corte da fazenda - ou seja o pedaço de tecido necessário para a confecção da peça de vestuário - é enrolado juntamente com um tecido, normalmente pano cru, molhado; permanece assim envolto na humidade do pano, a ressumar, durante um dia.

-Tirar medidas ao cliente
Ao tirar as medidas, o mestre alfaiate faz um reconhecimento do corpo. Em folha própria,
anota as medidas a tomar em consideração e as especificidades do corpo em questão.

- Riscar e cortar o fato
O desenho da peça de vestuário é riscado a giz directamente no tecido, com a ajuda das réguas e esquadros, de acordo com as medidas do corpo; seguindo as indicações de corte, o tecido deve depois ser cortado pelo risco.

- Pôr o casaco em prova 
Fazem-se marcações e alinhava-se o casaco.

- Primeira prova
Depois de provado o casaco, os alinhavos são desmanchados e riscam-se as correcções no tecido.

- Fazer as entretelas
Cortam-se a entretela, a crina e o pano cru e cosem-se. Os três tecidos já unidos são enchumaçados e passados a ferro.

- Fazer os bolsos 
Cortam-se os aviamentos, fazem-se as portinholas e "metem-se" os bolsos.

- Alinhavar as entretelas ao casaco

- Preparar o casaco para a segunda prova.
 Alinhavam-se as entretelas aos quartos, enchumaçam-se as bandas e alinhava-se o casaco.

- Segunda prova

- Fazer as bandas 
Corta-se a capa das bandas e "encapam-se".

- Forrar o casaco 
Cortam-se os forros e aviamentos para os bolsos de dentro. "Metem-se" os bolsos interiores e alinhavam-se os forros à fazenda.

 - Coser as ilhargas e a bainha do casaco

- Coser as ilhargas e os ombros dos forros

- Fazer a gola 
Corta-se, cose-se a costura, enchumaça-se e trabalha-se a gola a ferro.

- Pregar a gola no casaco 
Alinhava-se a gola ao casaco, acerta-se, corta­-se a capa da gola, encapa-se e guarnece-se.

- Fazer as mangas 
Cosem-se as costuras do sangrador e do cotovelo e orlam-se as mangas.

- Forrar as mangas  
Corta-se o forro, cosem-se as folhas dos forros e guarnecem-se.

- Aplicar as mangas ao casaco

- Acabamentos 
Guarnece-se o forro. Aplica-se a etiqueta e caseia-se o casaco.

- Passar o casaco a ferro

- Pregar os botões 
No casaco de dois botões, o primeiro botão a contar de cima deve ser colocado na linha da
cintura sobre o umbigo.


"A tesoura de Emmanuel Kant"
Diana Regal
Edição: Civec

segunda-feira, 7 de maio de 2012

XXIII Encontro Nacional de Mestres Alfaiates







PROGRAMA

    10hOO
Recepção na Câmara Municipal de Penalva do Castelo

11 h30
 Missa solene em honra dos Alfaiates Falecidos
 (Igreja da Misericórdia)

    13hOO
Visita à "Casa da Ínsua" e Almoço-Convívio no Restaurante do Hotel de Charme;
 Actuação da Tuna São Martinho de Pindo;

18hOO
Encerramento e entrega de certificados.


   

 Comissão Dia do alfaiate
    António Lopes Pinto
962903351 / 924292110 / 232642345

domingo, 6 de maio de 2012

Homenagem ao alfaiate Manuel Soares



Manuel Soares é o último da geração de antigos alfaiates que tanto dignificou a profissão no Paião. Por isso, na sua pessoa, o Rotary estende esta homenagem aos muitos mestres alfaiates já desaparecidos, bem como aos que na actualidade continuam dignamente a exercer este ofício.

                                                                          
Anualmente, o Rotary Clube da Figueira da
Foz distingue uma actividade profissional, tendo escolhido este ano o Alfaiate. Na cerimónia, que se realizou num restaurante no Paião, terra do homenageado ou não fosse esta freguesia conhecida como a “Terra dos Alfaiates”, a presidente deste clube de serviço, Rosa Baptista, salientou a importância desta iniciativa que se desenrola desde 1992 e que já permitiu reconhecer o mérito pelos pares e pela comunidade de diversos profissionais desde o comércio livreiro, à pesca, passando pela medicina, arquitectura, advocacia, marnoto, entre outros.
Agora foi, então, a vez do alfaiate Manuel Seco Soares, com 82 anos, o mais antigo daquela geração que viveu os tempos prósperos da actividade, nas décadas de 60 e 70, quando chegaram a co-existir, no Paião, cerca de 33 oficinas de tipo semi-familiar. Hoje restam seis, todos significativamente mais novos que mestre Manuel Soares. Um decréscimo na actividade que se deveu ao crescimento da indústria de pronto-a-vestir e da moda, embora se continue a valorizar o atendimento personalizado, a superior qualidade e perfeição da confecção por medida.


Excerto da Notícia - 3 de Maio de 2012
Jornal "A Voz da Figueira"