sábado, 23 de maio de 2009

Museu da Lourinhã

Antigas profissões – O alfaiate

O alfaiate é um profissional que confecciona roupas masculinas. O nome tem origem na palavra árabe alkhayyát. O verbo Kháta significa coser. A costureira diferencia-se do alfaiate por confeccionar as roupas femininas provindo o nome da palavra latina consustura.
O termo latino para alfaiate é sartor que, em Português, deu origem ao verbo sarcir, o qual significa coser, e às palavras sarcir, que se refere à técnica de remendar um tecido roto
com um pedaço de tecido do mesmo padrão, e de o coser de tal modo que não se perceba o remendo, e sarcideira, a mulher que usa essa técnica. Contrasta com fundilhar, ou seja, pôr
fundilhos, que consiste em tapar o roto ou reforçar o tecido, normalmentede calças ou de casacos de trabalho, com pano igual ou diferente, geralmente mais forte que o original.
Era uma arte importante que conferia um estatuto, diremos que confortável e bem remunerado, ao respectivo artesão. Tanto assim que os judeus, durante a
Idade Média, fizeram dela a principal actividade: “foi a profissão de alfaiate a que mais professaram (os judeus) na nossa Idade Média, durante os séculos XIV e XV. (…)
Esse ofício era, então, o que em Lisboa ocupava o maior número de Israelitas. (…) O alfaiate de D. Afonso V era um hebreu – mestre Latão –, e o de D. João II era outro – Mestre Abraão.”
Os alfaiates eram artesãos altamente especializados sujeitos a rigorosos exames e anos de prática, para obterem a carteira profissional. Tinham que saber talhar, alinhavar, chulear, casear, coser e fazer todos os acabamentos necessários e exigidos pelo cliente na confecção de
calças, casacos, coletes … E havia, ainda, aqueles ou aquelas que faziam ilhós, botões, plissados e, após o aparecimento das meias de vidro, apanhavam as malhas caídas.
Sedas, brocados, veludos, tafetás, cetins, damasco, linhos, lãs, ou, simplesmente, cotim, sarja ou burel, foram utilizados, durante séculos, pelo alfaiate e tudo era cosido com agulha e linha de boa qualidade, com a ajuda do dedal que protegia o dedo médio que normalmente empurra a agulha.

A fita métrica para tirar as medidas ao cliente, as diversas tesouras para cortar e talhar os
tecidos, o giz para desenhar os cortes, os chumaços, a entretela, os botões, o ferro para assentar costuras e engomar eram os principais utensílios do alfaiate.
Até meados do século XIX todas as costuras eram feitas à mão.
A máquina de costura foi comercializada apenas a partir da segunda metade do século XIX.
No século XX, destacam-se, na Lourinhã, os alfaiates:
Luís Veríssimo, com alfaiataria na R. João Luís de Moura onde ensinou a arte a Luís Santos. Este doou os casacos em duas fases de elaboração, entretelados e alinhavados, expostos no Museu da Lourinhã.
José Dias, que vivia na R. Miguel Bombarda, (a mulher, D. Adelaide, após a morte do marido, ofereceu parte do espólio ao Museu da Lourinhã) .
Os Mirandas (toda a família trabalhava na alfaiataria), também na rua João Luís de Moura,
Pedro Marques de Carvalho (n. 28- 6-1879, f. 28-12-1952) que teve alfaiataria na rua da Misericórdia e, mais tarde, na Av. António José de Almeida. Foi mestre de alfaiates mais jovens, entre eles, o Miranda e o José Lourenço do Toxofal.



Isabel Mateus e Simão Mateus
Boletim 09 10/2008

http://www.museulourinha.org

Sem comentários: