domingo, 31 de maio de 2020

Hoje seria o XXXI Encontro Nacional de Mestres Alfaiates

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e pessoas em pé


Por esta hora, na forte, farta, fria, fiel e formosa cidade da Guarda, devidamente vestidos a rigor, os mestres Alfaiates de todo o país já estariam unidos e reunidos. Mas não estão. Este ano, mais de três décadas depois, não estão. Contudo, cada um no seu canto, tem hoje ainda mais a firme vontade que, daqui a um ano, lá estejamos todos juntos de novo.

Só nós sabemos o significado do dia de hoje, só nós sentimos o que custa não o celebrar.

Neste dia, celebrado religiosamente no último domingo do mês de maio, a agulha e o dedal vêem os companheiros sair cedo e chegar ao fim do dia, e, numa estranha acalmia, os nossos ateliês são tomados pelo silêncio.

É o momento pelo qual esperamos todo o ano, muito porque é o único em que estamos com os nossos companheiros de profissão, a quem orgulhosamente chamamos amigos.

Entre sorrisos, histórias, experiências e opiniões, descosemos e alinhavamos um ano de trabalho com testemunhos de norte a sul, do mais velho ao mais novo, do mais ao menos experiente, do que usa a calça mais larga ao que a prefere justa.

Entre chegadas, cerimónias e pratos, há muito para contar, e pouco tempo para o fazer. Há avós, há pais, há filhos. Há, sobretudo, um legado que é deixado por esta arte tão complexa. Há um rasto de sacrifício, pois apenas quem não vive ou convive com quem exerce a arte, pode acreditar que esta não marca o corpo. Há noites que ficaram por dormir, há um corpo e uma cabeça - principalmente cabeça - levados ao extremo, mas há também muito orgulho.

Orgulho em exercer esta nobre arte.

2 comentários:

Alfaias disse...

É importante que se continue a celebrar anualmente o Dia do Alfaiate. Mas, procurando bem, com desvelo e cuidado, não encontrei nada que diga a quem se deve esse dia. Nem se faz nenhuma referência a quem foi o Mestre Alfaiate Manuel Guilherme de Almeida (1898-1992), que entre 1934 e 1989 formou mais de 3500 alfaiates na sua Academia de Corte Sistema Maguidal, localizada no 2.º Esq.º do n.º 219 da Rua da Palma, em Lisboa.. Mestre Manuel Guilherme de Almeida, meu Pai, parece ter sido esquecido.
Melhores cumprimentos.
Guilherme Louro de Almeida
guilhermedealmeida@sapo.pt
É sempre tempo de recordar. E há o dever de não esquecer.

Alfaias disse...

Bom dia Sr. Guilherme Louro de Almeida.
Não procurou com desvelo e cuidado. Em 19 de julho de 2016, o blog dos alfaiates publicou um post
com a biografia do Sr. Manuel Guilherme de Almeida, rendendo assim justa homenagem a um grande impulsionador da alfaiataria portuguesa.
Aliás, existem também referências ao continuador da Academia Maguidal, Sr. Fernando Almeida, publicadas em 25 de novembro de 2007.