quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A alta qualidade aliada ao respeito pela tradição


Há quem diga que os alfaiates são coisa do passado, mas ainda há quem tenha muito trabalho para satisfazer os seus clientes como é o caso da Alfaiataria A. Gonçalves.



­­­­­­A. Gonçalves é uma alfaiataria de tradição familiar situada no centro do Porto desde 1973. Uma empresa de sucesso num tempo em que esta arte se desmorona a cada dia que passa. A. Gonçalves marca pela diferença ao nível da qualidade e de implementação de novas tecnologias de futuro. Em entrevista ao nosso jornal Victor Gonçalves fala-nos sobre a empresa e o início da sua actividade como alfaiate: "a loja é do meu pai. Estou aqui há alguns anos, o meu irmão também de vez em quando está cá e tentamos dar continuidade ao negócio de família". Victor Gonçalves seguiu os passos do pai desde miúdo, "O meu pai é alfaiate, e como eu era um menino rebel­de, para ter controlo sobre mim obrigava-me a estar sempre a seu lado. Comecei a ver o que ele fazia e a ganhar gosto pela arte­". Alfaiataria A. Gonçalves sen­do uma empresa muito conceitua­da no Grande Porto oferece servi­ços de alta qualidade pautada pela constante evolução. As principais actividades desenvolvidas pela em­presa são a confecção de roupa exterior, principalmente para homem, e a manutenção da roupa que produzem. Ao contrário do que se pensa, muitos clientes de Víctor Gonçalves são jovens oriundos das classes ­dias altas. A qualidade é a palavra de ordem desta empresa "Nesta loja temos um nível de qualidade muito bom. No que diz respeito a tecidos, nada de misturas com ­fibras artificiais. Isto é um nível muito elevado em relação a qual­quer pronto-a-vestir com qualida­de. Quando se faz um fato na alfaiataria geralmente dura bastan­te tempo, apesar das lavandarias estragarem muito a roupa. Não é só o tecido em si, mas o que está dentro dele que permite resistir ao tempo e às lavagens". Devido à quase extinção des­te sector de actividade no nosso país a concorrência é quase nula, "­não há concorrência. Somos tão poucos que não nos podemos comparar. Não há concorrência, antes houvesse, assim a gente evoluía. No entanto não pode­mos parar, temos que evoluir, e nos últimos dois anos temos evoluído bastante­". Nesta empresa existe a necessidade da evolução constante nos métodos de fabrico e adaptação a novas tecnologias. Victor Gonçalves criou um site na internet e um blog, promovendo assim a empresa de que faz parte c implementando uma interactividade com outros profissionais da área. "­Estamos sempre a par das últimas tendências. Na matéria-prima há muita coisa actual, há muita coisa que evolui. A nível de tecidos são de fábricas tradicionais e conceituadas: Dormeuil, Ermenegildo Zegna, Holland & Sherry, Scabal­ entre outras. São empresas de alta qualidade, muito antigas e que evoluíram bastante­ ". Interrogado acerca do crescente desaparecimento de "seguidores" Victor Gonçalves não tem dúvi­das: "­­­Vai acabar. Poderá continu­ar com pessoas que tenham jeito para esta actividade mas sem serem profissionais na área. Por outro lado, poderia aumentar se, eventualmente, a cultura de vestir mudasse, seja por razões económicas, ou por razões culturais. Se as pessoas se mentalizarem ou começarem a aprender, seja por influencia dos pais ou família, se começarem a ter cultura de vestir, se souberem escolher, ver as coisas com outros olhos que não seja por um certo exibicionismo, talvez aí esta profissão ganhe outro fôlego". Actualmente as pessoas ligam mais à imagem do que à qualidade dos produtos, mostrando-se por vezes mais do que são. Curiosamente neste sector de actividade não existe formação profissional, sendo que a prática e os sítios onde trabalhou é que faz do alfaiate o que é hoje. Se­gundo Victor Gonçalves, "qual­quer alfaiate vai tentar, acima de tudo, ser perfeito naquilo que faz; independentemente do tra­balho que possa ter, vai tentar ser perfeito". Numa mensagem aos nossos leitores e tendo em conta o futuro desta empresa, Victor Gonçalves termina esta entrevista apelando ao bom gosto das pessoas: "Tra­balhar, fazer o melhor que puder­mos e soubermos e esperar que as pessoas tenham bom gosto e que aprendam a ver as diferenças de qualidade. Se as pessoas ganha­rem algum conhecimento e algu­ma cultura talvez esta actividade, de forte tradição, ganhe forças e volte a ser o que era".

In "O Primeiro de Janeiro"

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