sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Trabalho minucioso à sua medida

Carlos Sousa dedicou toda a sua vida a uma arte que poucos conhecem. Desde que se lembra que queria ser alfaiate e começou a concretizar este sonho aos 14 anos. Hoje é um dos melhores a nível nacional e internacional, estando neste momento a trabalhar para outros países. Para além disso, tem uma boutique onde encontra todos os acessórios necessários para se vestir bem, com a qualidade de uma reconhecida marca italiana


Se se deslocar até ao Porto, vai encontrar um local diferente, que não está habituado a ver regular­mente. Falamos do Carlos Sousa Alfaiate, onde a arte da alfaiataria continua em prática, aliada ainda a uma boutique de alta gama, onde encontrará peças de uma marca ita­liana. Carlos Sousa começou a trabalhar como alfaiate ainda antes de completar l4 anos de idade em Vila Meã, terra onde nasceu. Costuma­va passar pela casa do seu primo, que praticava esta profissão, enquanto ainda era estudante, e costumava dizer-lhe que era esta arte que que­ria fazer no futuro. "Vim depois para o Porto e trabalhei com vári­os alfaiates, com quem aprendi bastante. O primeiro lugar foi em Sá da Bandeira e depois fui per­correndo outros espaços", começa por contar o entrevistado. Depois de cumprir o serviço militar obrigató­rio, voltou ao Porto onde ficou res­ponsável por um outro espaço, "estava responsável pelo corte, pelas provas e pelo atendimento ao cli­ente e, passada um ano, tornei-me sócio de uma empresa ligada à área".
No entanto, foi há quatro anos que Carlos Sousa decidiu que esta­va na altura de ter um espaço só seu, que se divide em duas áreas distin­tas: alfaiataria e boutique. Nesta se­gunda área, o cliente pode encon­trar todas as peças necessárias para sair vestido "dos pés à cabeça". A marca, essa, é italiana, uma vez que a qualidade é um dos parâmetros es­senciais para o sucesso. Já o calçado provém de um espaço localizado perto da loja, existindo uma parce­ria entre este alfaiate e a proprietária da loja de calçado. "Aqui estamos direccionados para uma classe média alta. Verificamos que cá existem bastantes casas que têm oferta para as outras classes sociais e, por isso, era importante para mim po­der disponibilizar algo acima da média. Para além disso, não existem muitos locais com o apoio de um alfaiate", afirma o entrevistado. Segundo Carlos Sousa, acaba por não existir concorrência neste sector, uma vez que poucos são aqueles que ainda aprendem este oficio, Aliás este alfaiate faz parte de uma geração que começou a aprender muito cedo esta arte, já que na maior parte dos casos, depois de se completar o quarto ano de escolaridade, homens e mulheres começavam a trabalhar, o que faz com que o interlocutor conte já com mais de 30 anos de experiência. "Esta não é uma arte fácil de aprender, é extre­mamente minuciosa, exige empe­nho e vontade de aprender. Tem que se gostar muito disto para en­veredar por este ramo de activida­de e são cada vez menos os alfaia­tes em todo o país. Os jovens de hoje não se interessam por esta pro­fissão porque querem algo que possam aprender mais rapidamen­te", sublinha o entrevistado. Desta forma, concorrência não é um vocábulo que faça parte dos dicionários dos alfaiates que existem no nosso país, uma vez que já são muito poucos aqueles que sabem trabalhar nesta área, que poderá es­tar em vias de extinção daqui a al­guns anos. "No entanto, ainda exis­tem mesmo muitas pessoas que gostam de mandar fazer um fato por medida, notei muito isso quando abri este espaço.

Apesar de ter fatos por medida, também execu­tados manualmente e de uma gran­de marca italiana, a verdade é que muitos são aqueles que preferem mandar fazer de raiz e acabam por acompanhar todo o processo com as provas. Aliás, por vezes tenho que pedir auxilio a alguns colegas alfaiates, porque as encomendas são cada vez maiores", refere. E se não se puder deslocar até este espaço, não se acanhe, até por­que o profissionalismo é, tal como as peças, da mais alta gama. Como tal, Carlos Sousa desloca-se, sem­pre que necessário, até junto do cliente, seja em Portugal ou no estrangeiro. "Neste momento estou tam­bém a trabalhar para alguns mi­nistros estrangeiros com bastante regularidade, recebo também bas­tantes encomendas,. Para além dis­so, há a possibilidade de me expan­dir para outros países em breve", conclui este alfaiate que recebe cada cliente com a sua simpatia e a sua arte, à qual dedicou toda uma vida.

In "O Primeiro de Janeiro"



1 comentário:

Fernando Cruz disse...

Boa tarde.
Também eu tive um percurso idêntico ao senhor. Frequentei os melhores costureiros da cidade do Porto.
Entrei no grupo Cortefiel em Marrocos onde estive cerca de 20 anos.
Regressei à dias. Se precisar da minha ajuda aqui estou
Saudações
Fernando Cruz