Na década de 70 eram cerca de nove os alfaiates na Covilhã. Hoje restam apenas dois. Os clientes são os mesmos, mas há quem continue a procurar os seus serviços. O que falta são novos aprendizes
António Catrapão, 55 anos, é alfaiate. José Mendes, 63 anos, é alfaiate. São os últimos na Covilhã e provavelmente dos arredores. Dedicaram uma vida à arte da alfaiataria. Uma actividade, segundo dizem, pouco divulgada e pouco valorizada. António não sabe ao certo precisar há quanto tempo trabalha como alfaiate. Já perdeu os anos que dedicou a esta actividade. “Talvez uns 40 anos”, afirma. António só estudou até à quarta classe. A vida era cara e desde cedo era obrigado a contribuir para o orçamento familiar. “Ou se ia para uma fábrica ou se aprendia uma profissão”, refere. Após concluir a quarta classe e por vontade dos pais, António seguiu este rumo. A sua mãe era costureira e trabalhava para um alfaiate. Aos onze anos António deu os primeiros passos. António refere que esta não era a actividade que gostaria de exercer “teve de ser e foi o que estava mais à mão”, acrescenta. Antigamente os alfaiates aqui daqui da cidade tinham como referência a Dielmar, “como exemplo dos mais altos valores de qualidade e rigor”, acrescenta António. Foi em 1980, há 27 anos que António abriu o seu atelier de costura. Recorda com saudosismo o tempo em que existiam cerca de doze alfaiates na Covilhã. Hoje apenas está ele e o colega José Mendes.Outrora António teve duas empregadas a trabalhar a tempo inteiro para si mas por razões de falta de trabalho viu-se obrigado a prescindir das mesmas. Assim há quinze anos que trabalha sozinho no seu atelier “António’s Alfaiate”. A partir da década de 90 houve um retorno no trabalho sobretudo devido à implementação do salário mínimo que obrigou muitas oficinas a reduzirem os postos de trabalho. Depois os prontos-a-vestir que rapidamente se expandiram pela cidade. Com produtos acessíveis a todas as bolsas, de qualidade e como uma variedade de produtos e uma gama variada de novos estilos e padrões. Incapazes de competir com a rapidez e os preços do pronto-a-vestir, os serviços dos alfaiates tornaram-se num luxo reservado só para alguns"...
in Noticias da Covilhã
Sem comentários:
Enviar um comentário