Manuel Queirogas, artista do corte e da costura é um dos poucos alfaiates da cidade do Porto, que vai sobrevivendo ao crescimento desenfreado das confecções e dos fatos prontos na hora.
Começou cedo a aprender a arte da alfaiataria. Aos 12 anos já trabalhava com a agulha e a fita métrica e dava os primeiros passos na confecção por medida, pelas mãos de alguns mestres. Ainda adolescente veio para a cidade do Porto trabaIhar e há 10 anos começava a trabalhar por conta própria e a ganhar a confiança dos seus clientes. "Muitos deles senhores ilustres da cidade, que ao longo dos anos foram sendo vestidos pelas minhas mãos. Cada um com os seus gostos e com as suas medidas", explica.
Em tempos feudais eram aliados de extrema importância de grandes senhores e de grandes famílias. Elementos indispensáveis na confecção das indumentárias, os alfaiates eram tidos em grande consideração pela sociedade. A grande habilidade que lhes era exigida fazia deles mestres rigorosos e profissionais de alto gabarito. Nos últimos anos os alfaiates foram, no entanto, perdendo força, apesar de manterem a qualidade dos seus serviços intacta.
Manuel Queirogas lamenta o enfraquecimento do sector, o desaparecimento de muitos dos seus colegas de profissão e a multiplicação das lojas pronto-a-vestir, que contribuíram para esse enfraquecimento. As encomendas vão surgindo, agora, a conta gotas diz, "com o número a aumentar apenas em alguns meses. Os meses de Outubro, Novembro e Dezembro são, sem dúvida, os mais fortes", explica Manuel Queirogas, "no resto do ano as encomendas vão surgindo aos poucos. Aumentam apenas nas mudanças de estações", explica.
"Há 20 anos quem queria um bom fato tinha que procurar o alfaiate", lembra o artista, "hoje a realidade é diferente. As grandes confecções tomaram conta do mercado. É a elas que a maioria dos homens recorre para adquirir um fato. Uma solução que embora se apresente facilitada pode não ser a melhor", alerta.
No Queirogas Alfaiate encontrará tecidos e cortes das melhores marcas, às mais acessíveis, "com a garantia de que sairá com um fato feito à medida das necessidades de cada um. Aqui ao contrário das lojas o cliente não paga a marca". Pagam o trabalho de um artista, que faz da tesoura o seu aliado.
Manuel Queirogas lamenta que os aprendizes tenham desaparecido e que a profissão corra o risco de desaparecer, por falta de sucessores. Os mais velhos vão tentando manter viva a arte e vestindo aqueles que se mantêm fiéis ao corte.
In Primeiro de Janeiro
2 comentários:
Um blog com um objectivo concreto e válido! E obrigada pela visita no meu.
Cumprimentos.
Este senhor é meu tio.
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